Esse livro apresenta uma análise sobre os contatos interétnicos ocorridos no norte de Goiás, em especial em terras situadas às margens do médio rio Tocantins, entre os anos de 1749 e 1851. São contatos que ocorreram entre os povos indígenas Xerente, Xavante, Xakriabá e Akroá e os conquistadores não-indígenas originários de outras regiões do Brasil ou de Portugal. Traz uma recuperação de informações sobre um jogo de forças entre indígenas e não-indígenas em um transcurso no qual guerras, acordos de paz, alianças e fugas de aldeamentos e arraiais deram forma às relações nos contatos entre indígenas e não-índios.
O livro faz uma defesa de que os povos indígenas, no contexto dos contatos coloniais, criaram novas relações étnicas e práticas culturais diferenciadas frente à situação criada pelos contatos com os colonizadores em Goiás. Nesse trabalho mostramos que povos indígenas diferentes construíram interpretações distintas para o contexto e o processo de contato com os não-índios. Trata-se de um trabalho que discute questões sobre como grupos culturalmente semelhantes tomaram caminhos diferentes diante do contato com os não-indígenas. É uma pesquisa de perspectiva etnológica dos documentos buscando reconstruir parte da história dos povos indígenas Akwen. Segundo o autor para perceber as transformações históricas e culturais advindas do contato entre povos indígenas e conquistadores luso-brasileiros, bem como as ações efetuadas por cada uma das partes envolvidas nos conflitos de conquista é necessário um olhar diferenciado sobre as fontes, em especial os documentos oficiais. Um olhar atento para as entrelinhas, buscando o intrínseco, o oculto na fala do conquistador, uma leitura que revele a personalidade indígena presente naquele contexto. O que, em diversos casos, as informações são construídas pelas ausências.
E procurar ver os contatos entre os povos indígenas e não-índios em Goiás foram atitudes orientadas por suas respectivas culturas, visto que limitá-los em resistência e defesa de território era simplificar demasiadamente esse processo histórico. Em um caminho de valorização da cultura indígena tem que ver que a resistência não se limitou a uma reação insensata e irracional, mas uma maneira de construir uma sobrevivência num contexto modificado com a chegada do colonizador, portador de uma cultura e de uma lógica diversas das dos povos indígenas.
Confrontando Mundos
Autor: Cleube Alves da Silva
ISBN: